No final de julho de 2022, a Polícia Federal alegou que uma refinaria italiana comprou ouro ilegal de um comerciante da floresta amazônica. Os dados indicam que a refinaria repassou o metal para 4 grandes companhias de tecnologia.

Fique com a gente até o final aqui, no Brasil de Fato RN, se você quiser entender o que realmente aconteceu.

Ligação entre ouro ilegal do Brasil, refinaria italiana e alguns clientes da Big Tech

O que é a Big Tech?

A Big Tech é o termo utilizado para se referir às maiores marcas da indústria de tecnologia da informação dos Estados Unidos. Você também pode ouvir ser chamado como Tech Giants, Big Four ou Big Five. Saiba mais abaixo:

  • Big Four: Alphabet, Amazon, Meta e Apple
  • Big Five: Alphabet, Amazon, Meta, Apple e Microsoft

Quem está comprando o ouro ilegal do Brasil?

Alguns registros públicos de 4 empresas da Big Tech – Amazon, Apple, Microsoft e Alphabet - mostram Chimet, uma empresa privada da Itália, como uma das fontes que utilizaram o ouro ilegal do Brasil nos seus produtos. Normalmente, as empresas de tecnologia usam pequenas quantidades de ouro em placas de circuito para a produção de eletrônicos de consumo.

Os documentos policiais foram obtidos pela Repórter Brasil, uma empresa brasileira de jornalismo investigativo, e depois passou por uma revisão pela Reuters. Também pela Polícia Federal, a marca Chimet foi acusada de comprar milhões de dólares em ouro de um comerciante CHM do Brasil. Acredita-se que esse metal foi coletado ilegalmente de garimpeiros da região da floresta amazônica.

No entanto, a CHM do Brasil garantiu que todo o ouro adquirido por eles está de acordo com a documentação legal da atividade. Porém, os documentos policiais alegam que ela não estava registrada no Banco Central do Brasil como uma entidade legal e autorizada para a compra e venda de ouro.

Em outubro de ano passado, polícia brasileira realizou batidas em 9 estados diferentes, além do Distrito Federal, devido ao comércio ilegal de ouro. Um dos representantes da Chimet afirmou já ter cortado relações com a CHM quando soube das alegações sobre o ouro irregular, no final de 2021.

Um documento da Polícia Federal, que foi datado em agosto de 2021, indica que a empresa comprou US$ 385 milhões em ouro da CHM entre os anos 2015 e 2020. No entanto, a investigação permanece em sigilo e, provavelmente, as acusações vão ser anunciadas quando ela for concluída – ainda esse ano (2022), de acordo com o que um porta-voz da polícia do Pará comentou.

Clientes da Big Tech e a compra de ouro ilegal do Brasil: entenda a relação

As 4 empresas de tecnologia dos Estados Unidos - Amazon, Apple, Microsoft e Alphabet – listaram a Chimet, entre outras tantas refinarias de ouro, em suas cadeiras de suprimentos durante esses 5 anos de investigação, conforme as divulgações mais recentes (2021). Apesar de a empresa não possuir relação direta com a Big Tech, vende ouro para diversos bancos que podem revendê-lo.

A Apple não chegou a abordar especificamente a Chimet, mas deixou claro que as suas políticas proíbem a utilização de minerais que são extraídos de maneira ilegal. Então, toda e qualquer empresa que não cumprir esse requisito é retirada da cadeia de suprimentos. As outras 3 empresas não quiseram comentar.

Mineração no Brasil

Desde 2019, quando Jair Bolsonaro assumiu o cargo de presidência do país, a mineração ilegal aumentou no Brasil – devido à proteção aos invasores e à tentativa de legalização da mineração em terras indígenas.

As minas que não são regulamentadas causam sempre um grande estrago. Muitas terras da Amazônia foram destruídas e os rios ficaram contaminados de mercúrio. Além disso, os mineiros invadem as terras indígenas e deixam um longo rastro de doenças e mortes pela região.

O Instituto Escolhas elaborou um think tank de sustentabilidade, onde conseguiu estimar uma produção de 84 toneladas de ouro ilegal nos 2 primeiros anos de presidência do Bolsonaro. Esse valor representa um aumento de mais de 20% quando comparado aos anos anteriores – 2017 e 2018 –, além de ser o equivalente a, aproximadamente, 50% da produção total de ouro no território brasileiro.

A autora do relatório Escolhas, Larissa Rodrigues, falou que “uma empresa que está comprando ouro do Brasil já sabe que há um risco enorme de comprar ouro irregular – ouro de sangue amazônico”.

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